NOTÍCIAS

Justiça 4.0 apresenta projetos de uso de IA desenvolvidos por universidades parceiras
23 DE JUNHO DE 2023


Quatro modelos de Inteligência Artificial (IA) desenvolvidos pelo Programa Justiça 4.0 para auxiliar o trabalho de magistrados e servidores na tramitação processual já estão disponíveis na Plataforma Sinapses. Os modelos foram elaborados por meio de parcerias com as universidades de Brasília (UnB), de Fortaleza (Unifor) e Federal de Goiás (UFG).

Apresentados durante o Fórum Internacional Justiça e Inovação (Fiji), em oficinas conduzidas por pesquisadores das universidades, os modelos de IA já podem ser utilizados pelas equipes de tecnologia dos tribunais a fim de desenvolver aplicações para os sistemas de processo eletrônico e incorporar soluções ao fluxo processual.

Uma votação para escolha dos nomes dos modelos disponibilizados foi promovida no evento. A partir de agora, as soluções desenvolvidas em parceria com a UnB e a UFG e os dois projetos desenvolvidos pela Unifor passam a ser chamados, respectivamente, de PEDRO (Plataforma de Extração e Descoberta de Precedentes dos Tribunais), KAIROS (k-means clustering similarity for legal documents), ANA (Análise de Normas Automatizada) e ALICIA (Análise Linguística para Classificação Automatizada).

As parcerias foram viabilizadas por meio de carta acordo entre as universidades e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que realiza o Programa Justiça 4.0 em cooperação com o CNJ. “O rigor acadêmico no processo de desenvolvimento das soluções de IA enriquece os projetos. Envolver a academia e as universidades enquanto núcleos de conhecimento e metodologia rigorosa tem um valor e importância para o Programa”, destacou João Thiago Guerra, juiz auxiliar da Presidência do CNJ, ao falar sobre a experiência do CNJ no desenvolvimento de modelos de IA.

Moema Freire, coordenadora da unidade de Governança e Justiça para o Desenvolvimento do PNUD, destacou os ganhos múltiplos alcançados pela estratégia de firmar parcerias com as universidades, que fortalece a transformação digital do Judiciário e também a ciência brasileira.

“Ao optar por trabalhar em parceria com as universidades, os projetos têm um duplo ganho. Investe-se no fortalecimento dos centros de conhecimento brasileiros, que estão atuando no desenvolvimento de IA, e, ao mesmo tempo, há o desenvolvimento tecnológico conjunto pari passu com a Justiça”, ressaltou Moema.

Compartilhando Fazeres

No Fórum, pesquisadores de cada uma das universidades apresentaram as soluções de IA desenvolvidas, detalhando os procedimentos metodológicos, a construção e o uso dos datasets e os resultados alcançados pelos projetos.

Os professores Vasco Furtado e João Araújo, da Unifor, descreveram a construção do modelo que identifica, de forma automática, o assunto dos processos judiciais a partir do texto da petição inicial, conforme as Tabelas Processuais Unificadas (TPUs). O uso da IA nessa tarefa permitirá a classificação correta do assunto jurídico do processo, contribuindo também para a elaboração das métricas do Judiciário.

Para treinamento do classificador de assuntos, a equipe da Unifor utilizou um dataset com 338.647 petições iniciais de processos judiciais extraídos da plataforma Codex e do PJe do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE).

O pesquisador Eliomar Lima, da UFG, apresenta o KAIROS, modelo desenvolvido para identificar agrupamentos de processos similares. Foto: Marina Baldoni/Programa Justiça 4.0

O modelo desenvolvido em parceria com a UFG permite identificar agrupamentos de processos similares por meio da aplicação de técnicas de Processamento de Linguagem Natural (Natural Language Processing – NLP) e de IA. A solução agrupa os processos utilizando método de aprendizado de máquina não supervisionado e poderá ser utilizada para gestão do acervo de processos, classificando-os por assunto, vara, entre outros.

“Temos um benchmark padrão ouro, construído manualmente por especialistas no Direito a partir de informações de mais de 300 processos. Foi a base para que pudéssemos fazer a comparação dos agrupamentos gerados pelo modelo e encontrar a métrica de acurácia”, destaca o pesquisador da UFG Eliomar Lima. O modelo disponibilizado permite a realização de novos treinamentos, o enriquecimento dos datasets e a comparação entre modelos.

O professor Nilton Correia da Silva, da UnB, afirmou que sua equipe buscou entregar “uma solução autônoma”, para o CNJ e os tribunais utilizarem o máximo possível. “A ferramenta está aí. Uma vez que existam mais dados e datasets, é possível escalar e retreinar o modelo”, disse.

A UnB desenvolveu uma solução que infere, a partir das petições iniciais, os precedentes qualificados do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ao ler o conteúdo da petição inicial, o modelo indica os precedentes qualificados relacionados, apresentando também o grau de similaridade com a peça.

Direito Ambiental

Os modelos em desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) também serão disponibilizados em breve. Os pesquisadores da instituição Elias de Menezes Neto e Carlos Viegas apresentaram no Fiji a solução, desenvolvida para fortalecer a atuação do Judiciário na proteção do meio ambiente por meio de IA. A iniciativa utiliza também técnicas da ciência de dados e consegue extrair informações úteis dos textos processuais para realizar análises e previsões em ações judiciais do assunto Direito Ambiental.

Elias de Menezes Neto enfatiza o valor de dados de qualidade para as soluções em IA e a relevância da solução em desenvolvimento: “Se os dados, o Codex, é o petróleo do Poder Judiciário, eu gosto de dizer que a nossa metodologia, criada para esse projeto, transforma o Codex no novo pré-sal do Judiciário. Ou seja, uma ferramenta de extração de uma riqueza que se achava que era inacessível”.

Texto: Marina Baldoni e Raquel Lasalvia
Edição: Ana Terra
Agência CNJ de Notícias

Macrodesafio - Fortalecimento da estratégia nacional de TIC e de proteção de dados

The post Justiça 4.0 apresenta projetos de uso de IA desenvolvidos por universidades parceiras appeared first on Portal CNJ.

Outras Notícias