NOTÍCIAS
Saúde mental nos sistemas penal e socioeducativo é centro de debates em seminário internacional
15 DE JUNHO DE 2023
Para discutir o tema da saúde mental nos sistemas penal e socioeducativo e a Política Antimanicomial do Poder Judiciário, implementada em maio deste ano no Brasil, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), reuniu, em Curitiba, operadores do direito, representantes da sociedade civil, trabalhadores da saúde, usuários do SUS, autoridades do Poder Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
O objetivo do evento é trazer luz sobre os principais temas que perpassam a saúde mental das pessoas em conflito com a lei, incluídas aquelas que ainda estão em hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico do Estado. Entre os assuntos, está a aplicação das medidas de segurança, no caso de adultos, e de medidas protetivas e socioeducativas, no caso de adolescentes, a partir de um paradigma de proteção dos direitos fundamentais e de atenção integral articulada com o SUS e com a rede de proteção social de modo geral.
O supervisor do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF) do CNJ, conselheiro Mauro Martins, reforçou o compromisso do órgão e do Poder Judiciário “em transformar a realidade e devolver cuidado, atenção e atendimento adequado e permanente em rede assistencial que alcancem as pessoas em sofrimento mental em conflito com a lei”.
Com isso, pretende-se que magistrados, magistradas e toda a rede do Judiciário e do Executivo possam ter melhor compreensão sobre os desafios que encerram as diretrizes antimanicomiais, estabelecidas na Lei 10.216/2001 e reafirmadas na Resolução CNJ n. 487/2023, que entrou em vigor em maio.
“A preocupação com o tratamento digno a ser dispensado às pessoas em sofrimento mental, principalmente aquelas com vulnerabilidades acrescidas, como as que cumprem medida de segurança e as privadas de liberdade, foi o foco do Grupo de Trabalho do Caso Ximenes Lopes vs. Brasil, criado no âmbito do CNJ, e que marca o resgate do tema e dessa política como compromisso com a incorporação de parâmetros internacionais de promoção dos direitos humanos em nosso país”, justificou o conselheiro Mauro Martins, em seu discurso.
Na abertura do evento, o presidente do TJPR, desembargador Luiz Fernando Tomasi Keppen, afirmou que “é primordial pensarmos juntos em como aprimorar a execução da política antimanicomial, garantindo direitos fundamentais com atenção constante à segurança social”.
O supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (GMF) do TJPR, desembargador Ruy Muggiati, ressaltou, em sua fala, que a realização do seminário é um fato histórico. O desembargador falou que a política tem o dever de organizar as diversidades e garantir direitos fundamentais. “Esperamos que o nosso trabalho aqui alcance seu objetivo no final, para que possamos dizer que contribuímos para uma sociedade mais justa, fraterna e solidária”, disse Muggiati, lembrando as vulnerabilidades das pessoas privadas de liberdade em relação ao tratamento de saúde mental.
O Ministério da Saúde foi representado no evento pelo secretário nacional de Atenção Especializada à Saúde, Helvécio Miranda Magalhães Júnior, que se comprometeu a juntar forças entre o governo federal e os estados para colocar em prática a Lei n. 10.216/2001, a Lei da Reforma Psiquiátrica, criada há mais de 20 anos. “Vamos retomar a agenda, abandonada nos últimos anos, de dar direitos às pessoas privadas de liberdade com responsabilidade e segurança”, garantiu o secretário.
A secretária nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça, Marta Machado, assumiu o compromisso de aplicar as diretrizes fundamentais da resolução do CNJ, fruto do grupo de trabalho que propôs a proteção dos direitos fundamentais com articulação entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e as redes de proteção social. “A Secretaria vai apoiar a aplicação da resolução em todo o país para que possamos avançar no sentido de dar dignidade às pessoas privadas de liberdade”, disse a secretária.
A deputada estadual, Márcia Huçulak, também ressaltou a importância de pensar o problema da saúde mental no sistema prisional a nível nacional. “Na legislação temos a proteção social e a saúde separados, precisamos aproximar ambos, pensar em uma legislação de irmandade”, afirmou.
Assista à íntegra da abertura e aos paineis da manhã do Seminário Internacional Saúde Mental:
Agência CNJ de Notícias, com informações do TJPR
The post Saúde mental nos sistemas penal e socioeducativo é centro de debates em seminário internacional appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
Saúde suplementar pontua impacto de processos judiciais para equilíbrio do setor
16 de junho de 2023
Foram identificados, em 2022, cerca de 460 mil novos processos judiciais sobre saúde no Brasil, sendo 164 mil sobre...
Portal CNJ
Especialistas avaliam impacto de decisões judiciais sobre tecnologias não incorporadas ao SUS
16 de junho de 2023
Comunidade médica e integrantes da magistratura apresentaram, nesta quinta-feira (15/6), de maneira uníssona, a...
Anoreg RS
Penhora pode recair sobre direitos aquisitivos de contrato de promessa de compra e venda não registrado
16 de junho de 2023
O caso diz respeito a um contrato de venda de imóvel. Após o não pagamento de duas promissórias oriundas do...
Anoreg RS
Judiciário e Executivo debatem registro de maternidade e paternidade socioafetivas
16 de junho de 2023
Representantes de diversos órgãos da administração pública reuniram-se nesta terça-feira (13/6) no Conselho...
Anoreg RS
Ex-presidente do Incra orienta censo agrário para regularizar assentamentos
16 de junho de 2023
Em audiência pública da CPI do MST, colegiado discutiu alternativas para resolver problemas como abandono de...