NOTÍCIAS
Rosa Weber anuncia que CNJ retomará mutirões carcerários em julho
21 DE JUNHO DE 2023
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) retomará os mutirões carcerários no país em julho, com uma nova metodologia que permite revisões processuais simultâneas e dá ênfase ao protagonismo dos tribunais e do Sistema de Justiça de cada localidade. A medida foi anunciada pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do CNJ, ministra Rosa Weber, durante a 10ª Sessão Ordinária de 2023 nesta terça-feira (20/6). A ministra também informou que retomará em agosto, no STF, o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 347 (ADPF 347), que, em sede cautelar, reconheceu o estado de coisas inconstitucional nas prisões brasileiras.
Rosa Weber iniciará o período do mutirão em agendas presenciais na última semana de julho passando por Mato Grosso (24/7), Rio Grande do Norte (25/7), Bahia (26/7), Minas Gerais (27/7) e São Paulo (28/7). O objetivo da ação é mobilizar tribunais, por meio de seus Grupos de Monitoramento e Fiscalização, para a revisão de processos de forma a garantir o cumprimento de entendimentos já firmados no Supremo e no Superior Tribunal de Justiça. O Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do CNJ (DMF/CNJ) chamará os tribunais para a articulação das ações do novo mutirão, viabilizando as adequações da metodologia, segundo portaria assinada pela ministra durante a sessão.
Entre os processos que devem ser revisados, estão aqueles que incluem o tratamento de gestantes, mães, pais e responsáveis por crianças menores de 12 anos e pessoas com deficiência; a situação de pessoas em cumprimento de pena em regime prisional mais gravoso do que o fixado na decisão condenatória; e a situação de pessoas cumprindo pena em regime diverso do aberto, condenadas pela prática de tráfico privilegiado. Deverão ser revisados, ainda, casos de prisões provisórias com duração superior a 12 meses.
“Os tribunais contarão com irrestrito apoio do CNJ, por meio de seu Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, para executar as ações previstas entre julho e setembro deste ano, prazo que inclui o envio de informes sobre os resultados dos mutirões”, explicou Rosa Weber. Os mutirões carcerários foram criados pelo CNJ em 2008, durante a gestão do ministro Gilmar Mendes, resultando em mais de 400 mil processos revisados e pelo menos 45 mil pessoas colocadas em liberdade por terem cumprido suas penas.
Transformando a privação de liberdade
Na mesma oportunidade, a ministra lançou publicação que atualiza dados sobre o sistema prisional brasileiro à luz do julgamento cautelar da ADPF 347. O documento informa como o Conselho, por meio do DMF, estruturou um amplo programa para incidir em diferentes fases do ciclo penal e do ciclo socioeducativo a partir dos debates e entendimentos firmados cautelarmente pelo Supremo. O programa Fazendo Justiça reúne um conjunto de estratégias que incidem sobre os ciclos penal e socioeducativo, executado em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, com o apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, além de dezenas de apoiadores institucionais.
“O programa Fazendo Justiça é um patrimônio da Justiça brasileira e a nossa principal política pública para enfrentarmos o descalabro das prisões, mas cuidando para que a segurança da sociedade esteja fortalecida, quando devolvemos cidadania para todos aqueles submetidos aos sistemas de justiça criminal e socioeducativo”, disse a ministra.
Rosa Weber alertou que, mesmo com avanços importantes evidenciados na publicação, existem fortes desafios a serem enfrentados, pontuando ainda que que “a publicação joga luzes para a relevância do momento que antecede o julgamento definitivo da ADPF 347, com encaminhamentos que podem acelerar transformações em curso na realidade carcerária do Brasil”. A ministra disse que, diante da devolução do pedido de vista apresentado pelo ministro Luís Roberto Barroso, irá incluir a matéria na pauta de julgamento do STF.
Histórias reais
A ministra Rosa Weber também lançou publicação que mostra os impactos da atuação do CNJ por meio do programa Fazendo Justiça na vida de pessoas em todo o país. Os personagens ouvidos incluem integrantes do Judiciário e outros profissionais que atuam diretamente na pauta penal e socioeducativa, assim como pessoas que tiveram contato com a privação de liberdade e seus familiares.
“Diversas regiões do país foram percorridas para se alcançar essa publicação, que vai além dos dados e entregas. Enfocamos as pessoas, o ser humano que está ao centro e subjacente a todas as nossas atividades. Nunca é demais relembrar que a dignidade da pessoa humana é fundamento da República Federativa do Brasil, a teor do artigo primeiro, inciso 3, de nossa Constituição Cidadã de 1988”, destacou Rosa Weber. Ainda segundo a ministra, os relatos coletados reforçam o potencial das incidências com foco na cidadania, na dignidade e na garantia de direitos.
A atenção especializada promovida pela atual gestão do CNJ ao contexto da privação de liberdade foi elogiada pelos representantes do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil presentes na sessão. “Acho que essa ação de Vossa Excelência marca uma nova história. Por óbvio tivemos grandes avanços, mas é preciso fazer muito mais. Fica o registro da gratidão de nossa instituição que ombreia com todo o Judiciário brasileiro essas questões que são de suma importância para a sobrevivência do estado democrático de direito e da cidadania”, disse o conselheiro federal da OAB Mansour Elias Karmouche.
“Não poderia deixar de felicitar o CNJ, na pessoa de Vossa Excelência, por essa preocupação de dar atendimento, de dar contribuição maior ao sistema prisional, porque isto é necessário na medida em que outras instituições falharam”, apontou o subprocurador-geral da República Alcides Martins.
Confira o vídeo que ilustra a publicação
Texto: Débora Zampier
Edição: Thaís Cieglinski
Agência CNJ de Notícias
The post Rosa Weber anuncia que CNJ retomará mutirões carcerários em julho appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Anoreg RS
Projeto de Lei 35/23 propõe nova partilha consensual de bens após o divórcio
14 de junho de 2023
A proposta busca atender às necessidades e mudanças nas circunstâncias dos casais após a separação,...
Anoreg RS
Credor pode consultar INSS e Ministério do Trabalho sobre verbas do devedor, diz STJ
14 de junho de 2023
Clique aqui para ler o acórdão.
Anoreg RS
AGU obtém o cancelamento de títulos de propriedade registrados dentro de Terra Indígena
14 de junho de 2023
Foi demonstrada nulidade de atos que reconheceram direitos de domínio indevidamente.
Anoreg RS
MP do Minha Casa, Minha Vida segue para sanção
14 de junho de 2023
Aprovada na forma do Projeto de Lei de Conversão (PLV) 14/2023 e relatada pelo senador Efraim Filho (União-PB), a...
Anoreg RS
Artigo – Constitucionalidade da lei paulista de regularização de terras – por Miguel F. de Oliveira Flora, Coraldino S. Vendramini e Renato Maurilio Lopes
14 de junho de 2023
Registra-se que a validade da lei foi judicializada no STF (Supremo Tribunal Federal), tendo o Partido dos...