NOTÍCIAS
Mulher que combateu trabalho escravo é aplaudida em Brasília após 30 anos
06 DE DEZEMBRO DE 2022
Pureza Lopes Loiola, cuja saga para encontrar o filho, em situação de trabalho escravo, foi contada nas telas de cinema, no filme dirigido por Renato Barbieri, ganhou voz em Brasília na segunda-feira (5/12). Dona Pureza foi aplaudida de pé pelo público que assistiu ao evento “Juntos contra o Tráfico de Pessoas e o Trabalho Escravo Contemporâneo”, promovido, nesta segunda-feira (5/12), pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Recebida pela presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, Dona Pureza ressaltou que foi a primeira vez que foi ouvida na capital federal. Ela relatou que, logo que chegou a uma das fazendas em que acreditava que o filho poderia estar, e viu que os trabalhadores não tinham recebido salário desde que chegaram, identificou a condição de escravidão. “O dinheiro que vocês vão receber é a morte”, disse aos trabalhadores na ocasião.
Em sua fala, a ministra Rosa Weber destacou “a densidade e a gravidade dos temas trazidos à nossa reflexão – tráfico de pessoas e trabalho escravo contemporâneo-, realçados pela arte cinematográfica. Ao reproduzir a vida em sua crueza, a arte joga luz sobre realidades clandestinas, e assim nos estimula e impulsiona com vigor à luta contra a barbárie.”
A presidente do CNJ ressaltou a relevância dos temas do encontro, que também integram as perspectivas e objetivos de sua gestão à frente do Conselho, voltados à “centralidade temática dos Direitos Humanos, cuja dinâmica compreendo prioritária à jurisdição, consideradas as garantias fundamentais de acesso à justiça que se alicerçam no princípio da dignidade da pessoa humana”.
Vida em risco
Durante os anos 1990, quando denunciou o trabalho em situação análoga à escravidão, dona Pureza peregrinou, sem sucesso, entre gabinetes no Congresso Nacional e em audiências com integrantes do Poder Público. Ela precisou voltar ao local dos crimes para juntar provas e, somente após arriscar a própria vida, conseguiu libertar o filho caçula, Antônio Abel, vítima do tráfico humano e obrigado ao trabalho análogo ao da escravidão.
“A nobreza dessa determinação, peculiar às mães, foi fundamental para que esse trágico cenário alcançasse a notoriedade necessária”, afirmou a conselheira do CNJ Jane Granzoto que preside o Fórum Nacional para Monitoramento e Solução das Demandas de Exploração do Trabalho em Condições Análogas a Escravo e de Tráfico de Pessoas (Fontet).
A conselheira recordou que Relatório sobre o Tráfico de Pessoas 2022, publicado pela Embaixada e pelos Consulados dos Estados Unidos no Brasil, mostrou um aumento do número de vítimas do tráfico de pessoas, de 357 para 441, na comparação entre os anos de 2020 e 2021. Ela ressaltou também que o CNJ está empenhado com a erradicação do tráfico de pessoas e o trabalho escravo no país. “Este Conselho está inteiramente comprometido a utilizar todas as ferramentas que estiverem ao alcance para que nenhuma outra mãe viva o drama sofrido pela Dona Pureza”, disse.
Vida nas telas
O diretor do filme Pureza, Renato Barbieri, elogiou o trabalho realizado pela atriz Dira Paes, que deu vida nas telas à protagonista, e a importância da presença de Dona Pureza no evento promovido pelo CNJ. “É a primeira vez que Dona Pureza vem a Brasília e é reconhecida. Ela nem queria ter vindo, porque teve um trauma, não foi bem recebida das outras vezes – nos anos 1990”, disse o cineasta.
Ao lado de Dona Pureza, Dira Paes emocionou-se durante o evento e contou estar envolvida com o tema dos direitos humanos desde os 14 anos, pouco antes de iniciar a carreira de atriz. Desde 2003, ela integra o movimento Humanos Direitos, voltado para o combate ao trabalho escravo e tráfico humano, defesa dos direitos das crianças e adolescentes e também de indígenas e quilombolas. “Quando recebi o convite para fazer o filme, entendi como uma convocação”, declarou.
Texto: Mariana Mainenti
Edição: Sarah Barros
Agência CNJ de Notícias
The post Mulher que combateu trabalho escravo é aplaudida em Brasília após 30 anos appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
Justiça de Santa Catarina tem Central para atender vítimas de violência doméstica
02 de março de 2023
Tráfico humano, importunação sexual, lesão corporal e violência psicológica são alguns dos casos atendidos...
Portal CNJ
Presidentes do STF e TST abrem seminário “Direitos Constitucionais e Relações de Trabalho”
02 de março de 2023
O “Seminário Internacional sobre Direitos Constitucionais e Relações de Trabalho: Caminhos das Cortes...
Portal CNJ
Justiça do DF promove Semana Nacional da Justiça pela Paz em Casa
02 de março de 2023
Estão abertas as inscrições para os cursos semestrais oferecidos pelo programa Maria da Penha Vai à Escola....
Anoreg RS
Anoreg/RS, CNB/RS, IRIRGS e Colégio Registral RS publicam Nota Conjunta de Diretoria nº 01/2023
02 de março de 2023
Clique aqui e confira a Nota Conjunta de Diretoria nº 01/2023, a respeito da Adjudicação compulsória extrajudicial.
Portal CNJ
Justiça Federal da 2ª Região inicia planejamento para ações de conciliação em 2023
02 de março de 2023
O Tribunal Regional Federal da 2º Região (TRF2), por meio do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de...