NOTÍCIAS
Jurisprudência do STF sobre direitos LGBTQIAP+ é reunida em publicação do CNJ
23 DE SETEMBRO DE 2022
Para apoiar o Judiciário na garantia dos direitos de pessoas vulneráveis e tradicionalmente marginalizadas, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou a primeira publicação de uma série de seis produtos que divulgarão decisões da Corte Superior na temática dos direitos humanos. O “Cadernos de Jurisprudência do STF: Concretizando Direitos Humanos – Direito das Pessoas LGBTQIAP+” apresenta dez casos emblemáticos analisados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Coletados entre 2008 e 2021, os casos abordam a união homoafetiva; a equiparação de regime sucessório entre cônjugues e companheiros em união estável homoafetiva; a análise sobre alteração de nome e sexo de pessoas transexuais no registro civil e a decisão sobre a criminalização da homotransfobia. O projeto está sendo coordenado pelo Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do CNJ (DMF/CNJ), por meio de sua Unidade de Monitoramento e Fiscalização da das Decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos (UMF/CNJ).
“Com a publicação desse Caderno, o CNJ promove a divulgação de importantes decisões para toda a comunidade jurídica e em especial aos magistrados e magistradas, traduzindo-se em importante ferramenta para auxiliá-los em seu trabalho diário, na proteção aos direitos desse grupo extremamente vulnerável”, avalia o supervisor do DMF/CNJ, conselheiro Mauro Martins.
Ao destacar o alto índice de crimes cometidos contra esse público, o conselheiro do CNJ Márcio Freitas afirma não ser possível pensar em país civilizado quando amplos setores da sociedade são marginalizados, “quando são excluídos os mais basilares direitos, como o direito de existir, o direito de viver e de buscar a felicidade da forma que melhor lhe aprouver”.
Para o conselheiro Mário Maia, é importante destacar a diversidade do povo brasileiro e da atribuição do Judiciário em promover a harmonia entre os diferentes. “Somos todos plurais e oriundos da mesma raiz do indígena, do negro e do branco e, como dizia Darcy Ribeiro, somos uma nova Roma lavada em sangue negro. Então, o papel do Judiciário não é só julgar e fazer a sua interpretação da lei. O Judiciário tem, sim, o papel de unir, dar equilíbrio e harmonia a essa sociedade”.
Segundo o coordenador do DMF/CNJ, Luís Lanfredi, o caderno apresenta de forma muito didática a evolução da Jurisprudência do STF em relação ao direito das pessoas LGBTQIAP+. “Mostra, ainda, a utilização, pela Corte Suprema dos estândares interamericanos para a ampliação da proteção a esses direitos”, avalia. A ponte realizada entre a publicação e o Sistema Interamericano também é sublinhada pela coordenadora científica da UMF/CNJ, Flávia Piovesan. “A esperança é fortalecer a cultura de direitos humanos, é fortalecer a emergência de um novo paradigma jurídico pautado pelos diálogos pelo controle de convencionalidade e pela prevalência do valor maior da dignidade humana”.
Apoio internacional
A publicação teve ainda apoio do instituto alemão MaxPlanck-Institute for Comparative Public Law and International Law e de pesquisadores da Rede Ius Constitucionale Commune na América Latina (ICCAL) de defesa dos direitos humanos. O representante da ICCAL, Sandro Gorski, destaca o impacto das decisões do STF ao serem verificadas 65 mil uniões homoafetivas no país desde a decisão sobre o tema. Por outro lado, o país registrou mais de cinco mil LGBTQIAP+ mortos entre 2000 e 2021 em decorrência de intolerância, mesmo com a criminalização da homotransfobia.
“Essas decisões são o exemplo concreto do reconhecimento de direitos que resgatam a dignidade e promovem, em última análise, a inclusão e a visibilidade social desse grupo historicamente excluído e discriminado. E a proposta dos Cadernos de Jurisprudência é, a meu ver, difundir os direitos reconhecidos pelo STF não só para a comunidade jurídica, mas para a sociedade em geral”, avalia Gorski. Os próximos cadernos da série serão sobre mulheres, populações indígenas tradicionais; populações afrodescendentes; pessoas privadas de liberdade; e liberdade de expressão.
Texto: Luciana Otoni
Edição: Sarah Barros
Agência CNJ de Notícias
The post Jurisprudência do STF sobre direitos LGBTQIAP+ é reunida em publicação do CNJ appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
Corregedor nacional recebe grupo de mulheres para tratar de assédio no ambiente de trabalho
05 de abril de 2023
O corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, se reuniu, nesta quarta-feira (5/4), com um grupo...
Portal CNJ
Justiça do trabalho gaúcha assina acordo para agilizar pagamento de ações judiciais
04 de abril de 2023
O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) e a Procuradoria Regional da União da 4ª Região (PRU-4)...
Portal CNJ
Tribunal do Mato Grosso do Sul avança na criação de banco de precedentes judiciais
04 de abril de 2023
O presidente da Comissão Gestora de Precedentes do Tribunal de Justiça, Des. Alexandre Bastos, apresentou ao...
Portal CNJ
Justiça do DF, em parceria com Defensoria e MPDFT, vai inaugurar local para atender população
04 de abril de 2023
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) vai inaugurar, no dia 12 de abril, às 10h, um...
Portal CNJ
Diferenças entre pesquisas em direito e judiciária é tema de palestra promovida pelo CNJ
04 de abril de 2023
Quais as diferenças e as peculiaridades entre pesquisa judiciária e outros tipos de estudos no campo do Direito?...