NOTÍCIAS
Soluções de inteligência artificial promovem celeridade para o Poder Judiciário
03 DE NOVEMBRO DE 2022
O uso da inteligência artificial e o debate sobre a capacidade da tecnologia em tomar decisões foram discutidas no Conselho Nacional de Justiça em mais uma edição dos Seminários de Pesquisas Empíricas Aplicadas a Políticas Judiciárias. Na oportunidade o servidor do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e coordenador de Tecnologia da Informação da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), Guilherme Silva Figueiredo, concluiu que não é possível prescindir da intervenção humana, muito embora a tecnologia possa auxiliar na otimização do trabalho, colaborando com a celeridade do Poder Judiciário.
O entendimento foi firmado após o colega se debruçar sobre a construção da plataforma Athos. “Ela é uma ferramenta de apoio. As decisões estão nas mãos dos ministros e dos estudiosos”, afirmou Figueiredo, que proferiu a palestra “Projeto Athos: Um Estudo de Caso sobre a inserção do Superior Tribunal de Justiça na Era da Inteligência Artificial”, transmitida nesta quinta-feira (20) pelo Canal do CNJ no YouTube e mediada pelo juiz auxiliar da Presidência do CNJ Adriano Silva.
O Sistema Athos foi desenvolvido pelo STJ para a automação do exame de admissibilidade recursal. A plataforma agrega processos por critérios semânticos (palavras próximas) para criação de temas repetitivos da controvérsia. Cada grupo contém 50 processos contendo ao menos 90% de semelhanças segundo os critérios estabelecidos.
Os analistas do Núcleo de Gerenciamento de Precedentes e de Ações Coletivas (Nugepnac) examinam a admissibilidade levando em conta aspectos como a fundamentação e abrangência da documentação, a relevância da matéria, lugares das turmas, pacificação de tese jurídica e consolidação da jurisprudência. O recurso é, então, encaminhado ao Ministério Público para dar vistas e distribuído a um dos ministros. Ao final desse fluxo, é o relator quem estabelece a controvérsia da tese.
Figueiredo contou ainda, que, desde que conheceu o sistema desenvolvido anteriormente, o Sócrates 2.0, já levantava o questionamento sobre os limites entre o uso da inteligência artificial e a necessidade da intervenção humana. “Fiquei até um pouco frustrado. Mas quem estabelece a controvérsia é o ministro”, brincou.
O Athos foi desenvolvido pelo STJ a partir de junho de 2019, como forma de intensificar a formação de precedentes qualificados. Nos anos de 2020 e 2021, o sistema teve 40% de participação na formação de controvérsias. Somente 16% dos temas foram cancelados. No período, houve um incremento de 211% no número de requisições das funcionalidades disponíveis no sistema.
Solução Toth
No painel Toth: Solução inteligente preditora de classe e assuntos para processos autuados no PJE, os servidores do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) Jairo Melo e Verônica Ferreira Nascente apresentaram a plataforma desenvolvida pela Assessoria de Ciência de Dados da corte. “Nos processos de atuação, a classe e o assunto são escolhidos pelo escritório ou pelo advogado do caso. Se esta classificação não for correta, gera uma dificuldade futura de localização de informações, no transcorro e na distribuição”, disse Melo, que também pontuou haver um volume de 1500 processos autuados diariamente.
Após o processo de protocolo, o Toth faz recomendações de classe e assunto e, seguido da avaliação do servidor, o processo é distribuído à vara. De acordo com ele, a precisão da plataforma é de pelo menos 50% e, como há a retroalimentação do modelo, o Toth está em constante aprendizado. O sistema já conta com 72 modelos de classe e 297 de assunto, utilizados em 444 mil petições. “O analista processual vai analisar o documento da petição inicial e a recomendação do Toth. Em 83% dos casos, a avaliação do analista é idêntica à do Toth”, constatou. A íntegra da pesquisa estará disponível no livro “Projeto ATHOS: O Superior Tribunal de Justiça Inserido na Era da Inteligência Artificial”, com lançamento previsto para dezembro de 2022.
Os Seminários de Pesquisas Empíricas Aplicadas a Políticas Judiciárias são promovidos pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias do CNJ e contam com a participação de diversas entidades parceiras, promovendo debates sobre temas relacionados ao universo jurídico.
Texto: Mariana Mainenti
Edição: Jônathas Seixas
Agência CNJ de Notícias
The post Soluções de inteligência artificial promovem celeridade para o Poder Judiciário appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
Link CNJ trata do envelhecimento da população e as demandas para o Judiciário
28 de setembro de 2022
Edição do Link CNJ desta quinta-feira (29/9) trata das eventuais mudanças na forma de atendimento à população...
Portal CNJ
Funcionamento interligado é desafio para sistema eletrônico de registros públicos
28 de setembro de 2022
A importância da interligação e do funcionamento adequado do sistema de cartórios e registros com os demais...
Portal CNJ
Comissão debate direitos da população em situação de rua com especialistas
27 de setembro de 2022
Com o objetivo de discutir os direitos das pessoas em situação de rua e o acesso dessa população à Justiça, o...
Portal CNJ
Magistrados apresentam pesquisas sobre o trabalho na Justiça Digital
27 de setembro de 2022
O trabalho realizado pelo Judiciário no ambiente digital será o foco de novo encontro do Seminários de Pesquisas...
Portal CNJ
CNJ publica resultados do segundo ciclo do programa Fazendo Justiça
27 de setembro de 2022
Já estão disponíveis as publicações que detalham avanços coordenados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ)...