NOTÍCIAS
Inteligência Artificial é aposta para agilizar processos na Justiça
10 DE MARçO DE 2022
O Brasil tem a oportunidade de liderar o mundo na aplicação de inteligência artificial no Poder Judiciário, afirmou o pesquisador Joshua Walker, do Centro de Informática Legal da Universidade de Stanford (EUA). Walker esteve no Brasil para participar da 2ª edição do Ciclo de Palestras com Grandes Juristas Mundiais, iniciativa da Escola Nacional da Magistratura (ENM),a terça-feira (8/3).
A conferência contou com participação de representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e de juízes e juízas debatedores. “Vocês têm a oportunidade de liderar o mundo no uso de inteligência artificial em plataformas legais, em razão da cultura e de uma riqueza do ecossistema de empreendedorismo legal”, ressaltou Joshua Walker.
Para o secretário-geral do CNJ, Valter Shuenquener, o volume de processos em tramitação hoje no Judiciário brasileiro impõe a aposta na inteligência artificial. Segundo ele, há mais de 60 iniciativas implantadas pelos órgãos de Justiça do país. “Chegamos a um nível de produtividade que fica difícil aumentar com o trabalho humano. A IA vem promover celeridade.”
A presidente da AMB, Renata Gil, reiterou que o investimento em tecnologia é um dos caminhos para reduzir o tempo de tramitação processual. “Para resolver esse desafio de entregar as decisões à população, que clama por Justiça, precisamos utilizar diferentes métodos. A conciliação é um deles, mas também o uso de inteligência artificial e da tecnologia mais amplamente.”
Desafios
Vieses e tendências, dificuldades no desenvolvimento de algoritmos, formas de empregar modelos de inteligência artificial nos sistemas processuais. Estes foram alguns dos desafios debatidos no evento. Na opinião de Joshua Walker, o Brasil pode utilizar e aprender com o grande conjunto de dados processuais de que dispõe. “Ao contrário de desumanizar e remover a criatividade, a análise quantitativa do dado empírico empodera.”
O pesquisador argumenta que a padronização operada pelos algoritmos de inteligência artificial possibilita que a magistratura e equipes do Judiciário foquem o que há de mais importante e humano nos casos. “Como criamos tecnologias livres de vieses?”, perguntou o pesquisador. Ele explica que, quanto mais reconhecemos nossos preconceitos, mais somos capazes de lidar com eles. “A inteligência artificial é apenas um reflexo de nós. Ela operacionaliza dados, e os dados são produzidos por nós. Nesse sentido, haverá tendências.”
Conforme o professor, no desenvolvimento de algoritmos, é necessário criar subsistemas que promovam uma espécie de checks and balances (pesos e contrapesos). “Não temos que criar um modelo de inteligência sem viés. Os juízes e a Justiça podem ensinar a inteligência artificial, criando o que chamamos de inteligência artificial legal e de governança, sistemas de pesos e contrapesos que façam com que os vieses existentes sejam controlados.”
Intercâmbio
Aprender com os erros dos outros nos impulsiona a ir adiante. Esta foi a máxima lembrada por Joshua Walker para afirmar que a internacionalização das experiências contribui para o intercâmbio das melhores práticas. Para ele, Brasil e EUA têm enfrentado questões similares na temática de “inovação legal”, e a cooperação internacional é uma saída.
O juiz auxiliar do CNJ Rafael Paulo Leite, que coordena os projetos de inteligência artificial no Programa Justiça 4.0, como a Plataforma Sinapses, mencionou alguns obstáculos ao desenvolvimento dos algoritmos para os sistemas processuais, relativos principalmente à escassez de desenvolvedores e engenheiros de software. Para ele, integrar modelos de IA dos Judiciários brasileiro e estadunidense, por exemplo, é uma perspectiva para criar os melhores sistemas com menos tendências. “Precisamos ter uma colaboração internacional nessa área. Creio que é uma nova área de desenvolvimento, Direito e Inteligência Artificial.”
“Criar um léxico comum entre várias nações e Estados é valioso. Categorizar, classificar em procedimentos para fazer as coisas acontecerem. E aprender com os erros e as experiências dos outros”, respondeu Joshua Walker.
Raquel Lasalvia
Agência CNJ de Notícias
Reveja o evento no canal do CNJ no YouTube
Veja mais fotos no Flickr do CNJ
(use as setas à esquerda e à direita para navegar e clique na foto para acessar a foto em diferentes resoluções)
The post Inteligência Artificial é aposta para agilizar processos na Justiça appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
Workshop em Goiás oferece atualização sobre audiências concentradas infracionais
04 de abril de 2022
O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) promove, nesta quarta-feira (6/4), das 9h às 12h, treinamento on-line sobre...
Portal CNJ
Representante do Ministério Público no CNJ recebe medalha da Justiça Eleitoral do DF
04 de abril de 2022
O Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) realizou na tarde desta segunda-feira (4/4) a entrega da...
Portal CNJ
Busca ativa transforma realidade de crianças que aguardam por adoção no Brasil
03 de abril de 2022
A Justiça está utilizando novas ferramentas para dar oportunidade às crianças em condições de adoção...
Portal CNJ
Adoções especiais: transformações sociais mudam perfil de pretendentes
02 de abril de 2022
As mudanças sociais têm afetado os resultados da adoção no Brasil – e para melhor. O contexto de inclusão...
Portal CNJ
Justiça Federal comemora 33 anos de atuação em seis estados do Nordeste
01 de abril de 2022
O Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) celebrou, na quarta-feira (30/3), mais um ano de história. São...